Conteúdo Trabalhista

 

 

1. Introdução

A Instrução Normativa MTE/SIT nº 75, de 08/05/2009, DOU de 11/05/2009, disciplina a fiscalização das condições de trabalho no âmbito dos programas de aprendizagem.

Neste sentido, o contrato de aprendizagem, conforme conceituado no art. 428 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), é o contrato de trabalho especial, ajustado por escrito e por prazo determinado, em que o empregador se compromete a assegurar ao maior de 14 e menor de 24 anos, inscrito em programa de aprendizagem, formação técnico-profissional metódica, compatível com o seu desenvolvimento físico, moral e psicológico, e o aprendiz, a executar com zelo e diligência as tarefas necessárias a essa formação.

A idade máxima mencionada não aplica-se aos aprendizes com deficiência.

2. Contrato de Aprendizagem - Condições de Validade

São condições de validade do contrato de aprendizagem, em observância ao contido no art. 428, § 1º, da CLT:

a) registro e anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS);

b) matrícula e frequência do aprendiz à escola, caso não tenha concluído o ensino médio;

c) inscrição do aprendiz em curso de aprendizagem desenvolvido sob a orientação de entidade qualificada em formação técnico-profissional metódica, nos termos do art. 430 da CLT;

d) existência de programa de aprendizagem desenvolvido por meio de atividades teóricas e práticas, com especificação do público-alvo, dos conteúdos programáticos a serem ministrados, da descrição das atividades práticas a serem desenvolvidas, do período de duração, da carga horária teórica e prática, da jornada diária e semanal, dos mecanismos de acompanhamento, da avaliação e certificação do aprendizado, observados os parâmetros estabelecidos na Portaria MTE nº 615/07.

2.1. Duração do contrato de aprendizagem

O prazo de duração do contrato de aprendizagem não poderá ser superior a dois anos, exceto quando se tratar de aprendiz com deficiência, conforme disposto no art. 428, § 3º, da CLT, devendo ser observado, em qualquer caso, o disposto no item 4.

2.2. Conteúdo do contrato

O contrato deverá indicar expressamente:

a) o termo inicial e final do contrato, que devem coincidir com o início e término do curso de aprendizagem, previstos no respectivo programa;

b) o curso, com indicação da carga horária teórica e prática, obedecidos os critérios estabelecidos pela Portaria MTE nº 615/07;

c) a jornada diária e semanal, de acordo com a carga horária estabelecida no programa de aprendizagem;

d) a remuneração mensal.

3. Estabelecimentos Obrigados a Contratar Aprendizes

Os estabelecimentos de qualquer natureza, que tenham pelo menos sete empregados são obrigados a contratar aprendizes, de acordo com o percentual legalmente exigido.

Assim, desde 20/12/2000, de acordo com a Lei nº 10.097/00, os estabelecimentos de qualquer natureza são obrigados a empregar e matricular nos cursos dos Serviços Nacionais de Aprendizagem número de aprendizes equivalente a 5% no mínimo, e 15% no máximo, dos trabalhadores existentes em cada estabelecimento, cujas funções demandem formação profissional art. 429, caput, da CLT.

Entende-se por estabelecimento, todo complexo de bens organizado para o exercício de atividade econômica ou social do empregador, que se submeta ao regime da CLT.

O cálculo do número de aprendizes a serem contratados terá por base o total de trabalhadores existentes em cada estabelecimento, cujas funções demandem formação profissional, independentemente de serem proibidas para menores de 18 anos, excluindo-se:

a) as funções que, em virtude de lei, exijam formação profis-sional de nível técnico ou superior;

b) as funções caracterizadas como cargos de direção, de gerência ou de confiança, nos termos do inciso II, do art. 62, e § 2º do art. 224, ambos da CLT;

c) os trabalhadores contratados sob o regime de trabalho temporário instituído pela Lei nº 6.019/73; e

d) os aprendizes já contratados.

As atividades executadas por terceiros, desde que legais, serão consideradas na análise do quadro de pessoal da prestadora de serviços.

Exemplo:

Uma empresa que tenha ao todo 400 empregados, sendo que deste total só 150 ocupam funções que requer aprendizagem, a empresa deverá contratar no mínimo 5% desde total, ou seja:

 

nº de empregados do estabelecimento ......................................................................

400

nº de empregados que ocupam funções que demandam aprendizado ...........................

150

nº de aprendizes a serem contratos pelo estabelecimento, no mínimo .........................

8 (5% de 150 = 7,5)

 

3.1. Cota de aprendizagem - Dispensa

Estão dispensadas do cumprimento da cota de aprendizagem, nos termos da lei:

a) as Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, inclusive as optantes pelo Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (SIMPLES Nacional).

b) entidade sem fins lucrativos que tenha por objetivo a educação profissional e contrate aprendizes nos termos do art. 431 da CLT.

Caso as Microempresas e Empresas de Pequeno Porte optem pela contratação de aprendizes, deverão observar o limite máximo de 15% estabelecido no art. 429 da CLT.

4. Estabelecimentos que Desenvolvem Atividades em Ambientes e/ou Funções Proibidas a Menores de 18 anos

Os empregadores em cujos estabelecimentos sejam desenvolvidas atividades em ambientes e/ou funções proibidas a menores de 18 anos deverão contratar, para essas atividades ou funções, aprendizes na faixa etária entre 18 e 24 anos ou aprendizes com deficiência a partir dos 18 anos.

Excepcionalmente, é permitida a contratação de aprendizes na faixa etária entre 14 e 18 anos para desempenharem essas funções, desde que o estabelecimento:

a) apresente previamente parecer técnico circunstanciado, que deverá ser renovado quando promovidas alterações nos locais de trabalho ou nos serviços prestados, assinado por profissional legalmente habilitado em segurança e saúde no trabalho, que ateste a não exposição aos riscos que possam comprometer a saúde, a segurança e a moral dos adolescentes, depositado na unidade descentralizada do MTE da circunscrição onde ocorrerem as referidas ativi-dades; ou

b) opte pela execução das atividades práticas dos adolescentes nas instalações da própria entidade encarregada da formação técnico-profissional, em ambiente protegido.

5. Empregado Aprendiz

Ao empregado aprendiz é garantido o salário-mínimo hora, considerado para tal fim:

a) o valor do salário-mínimo nacional;

b) o valor do salário-mínimo regional fixado em lei;

c) o piso da categoria previsto em instrumento normativo, quando houver previsão de aplicabilidade ao aprendiz;

d) o valor pago por liberalidade do empregador.

Em qualquer hipótese, será preservada a condição mais benéfica ao aprendiz.

5.1. Trabalho em ambiente insalubre - Adicional

O aprendiz maior de 18 anos que labore em ambiente insalubre ou perigoso ou cuja jornada seja cumprida em horário noturno, faz jus ao recebimento do respectivo adicional.

5.2. Jornada de trabalho

A duração da jornada do aprendiz não excederá a seis horas diárias, podendo, neste caso, envolver atividades teóricas e práticas ou apenas uma delas.

A duração da jornada poderá ser de até oito horas para os aprendizes que já tiverem completado o ensino fundamental, desde que, nestas sejam incluídas obrigatoriamente atividades teóricas, em proporção que deverá estar prevista no contrato e no programa de aprendizagem.

São vedadas, em qualquer caso, a prorrogação e a compensação da jornada, inclusive nas hipóteses previstas nos incisos I e II do art. 413 da CLT.

A fixação do horário do aprendiz deverá ser feita pela empresa em conjunto com a entidade formadora, obedecendo-se a carga horária estabelecida no programa de aprendizagem.

As atividades da aprendizagem devem ser desenvolvidas em horário que não prejudique a frequência à escola do aprendiz com idade inferior a 18 anos, nos termos do art. 427 da CLT e art. 63, inciso III, do Estatuto da Criança e do Adolescente, considerado, inclusive, o tempo necessário para o seu deslocamento.

Aplica-se à jornada do aprendiz, prática ou teórica, o disposto nos arts. 66 a 72 da CLT.

5.3. Férias

O período de férias do aprendiz deve estar definido no programa de aprendizagem, observado o seguinte:

a) as férias do aprendiz com idade inferior a 18 anos devem coincidir, obrigatoriamente, com um dos períodos de férias escolares, em conformidade com o § 2º do art. 136 da CLT, sendo vedado o parcelamento, nos termos do § 2º do art. 134 da CLT.

b) as férias do aprendiz com idade igual ou superior a 18 anos devem coincidir, preferencialmente, com as férias escolares, em conformidade com o art. 25 do Decreto nº 5.598/05.

5.4. Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS)

A alíquota do depósito ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) será de 2% da remuneração paga ou devida ao empregado aprendiz, em conformidade com o § 7º do art. 15 da Lei nº 8.036/90.

6. Escolas Técnicas e Entidades Sem Fins Lucrativos

Na hipótese de os Serviços Nacionais de Aprendizagem não oferecerem cursos ou vagas suficientes ou inexistindo curso que atenda às necessidades dos estabelecimentos, a demanda poderá ser atendida pelas seguintes entidades qualificadas em formação metódica:

a) escolas técnicas de educação;

b) entidades sem fins lucrativos, que tenham por objetivo a assistência ao adolescente e à educação profissional, registradas no Conselho Municipal do Direito da Crianças e do Adolescente (CMDCA) e inscritas no Cadastro Nacional de Aprendizagem do MTE.

As entidades mencionadas deverão contar com estrutura adequada ao desenvolvimento dos programas de aprendizagem, de forma a manter a qualidade do processo de ensino, acompanhar e avaliar os seus resultados.

Importante ressaltar, que o art. 1º do Portaria MTE nº 2.755/10, alterada pela Portaria MTE nº 239/11 (DOU de 10/02/2011), determina que os estabelecimentos, para cumprimento da cota de aprendizagem, poderão contratar as entidades qualificadas em formação técnico profissional-metódica, elencadas no art. 8º do Decreto nº 5.598/05, para a execução dos programas de aprendizagem, em atendimento ao art. 429 e na conformidade do art. 430 da CLT.

Nota :
Transcrevemos a seguir o art. 8º do Decreto nº 5.598/05
"Art. 8º Consideram-se entidades qualificadas em formação técnico-profissional metódica:
I - os Serviços Nacionais de Aprendizagem, assim identificados:
a) Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - SENAI;
b) Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial - SENAC;
c) Serviço Nacional de Aprendizagem Rural - SENAR;
d) Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte - SENAT; e
e) Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo - SESCOOP;
II - as escolas técnicas de educação, inclusive as agrotécnicas; e
III - as entidades sem fins lucrativos, que tenham por objetivos a assistência ao adolescente e à educação profissional, registradas no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente.
§ 1º As entidades mencionadas nos incisos deste artigo deverão contar com estrutura adequada ao desenvolvimento dos programas de aprendizagem, de forma a manter a qualidade do processo de ensino, bem como acompanhar e avaliar os resultados.
§ 2º O Ministério do Trabalho e Emprego editará, ouvido o Ministério da Educação, normas para avaliação da competência das entidades mencionadas no inciso III."

A validade de cada parceria estabelecida ficará condicionada à aprovação do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), com base nas informações registradas no Cadastro Nacional de Aprendizagem, inclusive em relação às entidades parceiras.

7. Insuficiência de Vagas

Caberá à inspeção do trabalho verificar a insuficiência de vagas ou inexistência de cursos junto aos Serviços Nacionais de Aprendizagem, nos termos do parágrafo único do art. 13 do Decreto nº 5.598/05.

Confirmada a insuficiência de vagas ou inexistência de cursos, a empresa fica autorizada a matricular os aprendizes nas escolas técnicas de educação e nas entidades sem fins lucrativos, independentemente da anuência ou manifestação dos Serviços Nacionais de Aprendizagem.

7.1. Inspeção do trabalho - Entidades sem fins lucrativos

O auditor fiscal do trabalho, ao inspecionar as entidades sem fins lucrativos que contratam aprendizes, em conformidade com o art. 431 da CLT, verificará se estão sendo cumpridas as normas trabalhistas e previdenciárias decorrentes da relação de emprego especial de aprendizagem, especialmente a assinatura da Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) e respectivo registro, bem como:

a) a existência de certificado de registro da entidade sem fins lucrativos no CMDCA como entidade que objetiva a assistência ao adolescente e a educação profissional, quando algum de seus cursos se destinar a aprendizes menores de 18 anos, bem como a comprovação do depósito do programa de aprendizagem no CMDCA;

b) a existência de programa de aprendizagem e sua adequação aos requisitos estabelecidos na Portaria MTE nº 615/07;

c) a regularidade do curso em que o aprendiz está matriculado junto ao Cadastro Nacional de Aprendizagem;

d) a existência de declaração de frequência do aprendiz na escola, quando esta for obrigatória;

e) contrato ou convênio firmado entre a entidade responsável por ministrar o curso de aprendizagem e o estabelecimento tomador dos serviços; e

f) os contratos de aprendizagem firmados entre a entidade e os aprendizes.

Deverão constar nos registros e nos contratos de aprendizagem firmados pelas entidades sem fins lucrativos a razão social, o endereço e o número de inscrição no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) da empresa tomadora dos serviços de aprendizagem.

A fiscalização da execução e regularidade do contrato de aprendizagem deverá ser precedida de emissão de nova Ordem de Serviço (OS).

7.2. Inadequação da entidade sem fins lucrativos

Na hipótese de inadequação da entidade sem fins lucrativos às disposições do subitem anterior, após esgotadas as ações administrativas, para saná-las, o auditor fiscal do trabalho, sem prejuízo da lavratura de autos de infrações cabíveis, adotará as providências indicadas no item 17 deste trabalho.

No caso de inadequação da entidade sem fins lucrativos aos requisitos constantes das alíneas "a", "b" e "c" do item anterior, a autoridade regional competente encaminhará também cópia do relatório circunstanciado à Secretaria de Políticas Públicas de Emprego (SPPE), solicitando a adoção das providências cabíveis quanto à regularidade da entidade e de seus cursos no Cadastro Nacional de Aprendizagem.

8. Planejamento da Ação Fiscal

Para efeito da fiscalização do cumprimento da obrigação de contratação de aprendizes, caberá à Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE), por meio de servidores designados pela chefia da fiscalização, identificar a oferta de cursos e vagas pelas instituições de aprendizagem e a demanda de aprendizes por parte dos empregadores.

Na elaboração do planejamento da fiscalização da contratação de aprendizes, a SRTE observará as diretrizes anualmente expedidas pela Secretaria de Inspeção do Trabalho (SIT).

8.1. Demanda potencial por aprendizes - RAIS - CAGED

A demanda potencial por aprendizes será identificada por atividade econômica, em cada município, a partir das informações disponíveis nos bancos de dados oficiais, tais como a Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) e o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), observado o disposto no item 3.1.

9. Entidades de Formação Profissional - Cursos

Os cursos ofertados pelas entidades de formação profissional indicadas no art. 430, II, da CLT, deverão estar cadastrados e validados no Cadastro Nacional de Aprendizagem, previsto na Portaria MTE nº 615/07 e de responsabilidade da SPPE.

A senha de acesso ao Cadastro Nacional de Aprendizagem deverá ser solicitada pela SRTE diretamente ao Departamento de Políticas de Trabalho e Emprego para a Juventude da SPPE.

10. Notificação para Apresentação de Documentos (NAD) Via Postal

Poderá ser adotada, sem prejuízo da ação fiscal in loco, a Notificação para Apresentação de Documentos (NAD) via postal, modalidade de fiscalização indireta, para convocar, individual ou coletivamente, os empregadores a apresentarem documentos, em dia e hora previamente fixados, a fim de comprovarem a regularidade da contratação de empregados aprendizes, conforme determina o art. 429 da CLT.

No procedimento de notificação via postal poderá ser utilizado, como suporte instrumental, sistema informatizado de dados destinado a facilitar a identificação dos estabelecimentos obrigados a contratar aprendizes.

10.1. Convocação coletiva

No caso de convocação coletiva, a SRTE realizará, observados os critérios de conveniência e oportunidade da Administração Pública, uma explanação sobre a temática da aprendizagem, visando conscientizar, orientar e esclarecer as empresas sobre as principais dúvidas relativas à aprendizagem profissional.

11. Planejamento da Fiscalização - Motivo Grave ou Relevante

Caso o auditor fiscal do trabalho, no planejamento da fiscalização ou no curso desta, conclua pela ocorrência de motivo grave ou relevante que impossibilite ou dificulte a imediata contratação dos aprendizes, poderá instaurar, com a anuência da chefia imediata e desde que o estabelecimento esteja sendo fiscalizado pela primeira vez, procedimento especial para ação fiscal, nos termos dos arts. 27 a 30 do Decreto nº 4.552/02 (Regulamento da Inspeção do Trabalho), explicitando os motivos ensejadores desta medida.

11.1. Ação fiscal - Procedimento

O procedimento especial para a ação fiscal poderá resultar na lavratura de termo de compromisso que estipule as obrigações assumidas pelo compromissado e os prazos para seu cumprimento.

Durante o prazo fixado no termo, o compromissado poderá ser fiscalizado para verificação de seu cumprimento, sem prejuízo da ação fiscal em atributos não contemplados no referido termo.

Quando o procedimento especial para a ação fiscal for frustrado pelo não-atendimento da convocação, pela recusa de firmar termo de compromisso ou pelo descumprimento de qualquer cláusula compromissada, deverão ser adotadas as providências indicadas no item 17.

12. Fiscalização Indireta

A chefia da fiscalização designará auditores fiscais do trabalho para realizar a fiscalização indireta, prevista no item anterior e, quando for o caso, verificar o cumprimento dos termos de cooperação técnica firmados no âmbito do MTE.

No caso de convocação coletiva, a chefia da fiscalização deverá designar número suficiente de auditores fiscais do trabalho para o atendimento das empresas notificadas.

13. Descumprimento das Disposições Legais e Regulamentares Relativas à Aprendizagem

O descumprimento das disposições legais e regulamentares relativas à aprendizagem, bem como a ausência de correlação entre as atividades práticas executadas pelo aprendiz e as previstas no programa de aprendizagem, acarretará, além da lavratura dos autos de infração pertinentes, a nulidade do contrato de aprendizagem, que passará a ser considerado um contrato de trabalho por prazo indeterminado, com as consequências jurídicas e financeiras decorrentes desse fato, a incidir sobre todo o período contratual.

13.1. Vínculo empregatício

Caso a contratação tenha sido feita por entidade sem fins lucrativos, o vínculo empregatício será estabelecido diretamente com o estabelecimento responsável pelo cumprimento da cota de aprendizagem, que assumirá todos os ônus decorrentes deste fato.

13.2. Nulidade do contrato de aprendizagem

A nulidade do contrato de aprendizagem firmado com menor de 16 anos implicará na imediata rescisão contratual, sem prejuízo da aplicação das sanções pertinentes e do pagamento das verbas salariais devidas.

O disposto no item 13.1 não se aplica, quanto ao vínculo, aos órgãos da administração pública direta ou indireta.

14. Condições de Execução do Contrato de Aprendizagem

A aprendizagem deverá ser realizada em ambientes adequados ao desenvolvimento dos respectivos programas, cabendo ao auditor fiscal do trabalho fiscalizar as condições de sua execução, tanto na entidade responsável por ministrar o curso quanto no estabelecimento do empregador.

14.1. Condições de segurança e saúde

As empresas e as entidades responsáveis pelos cursos de aprendizagem deverão oferecer aos aprendizes condições de segurança, saúde e acessibilidade nos ambientes de aprendizagem, observadas as disposições dos arts. 157 e 405 da CLT; do art. 29 do Decreto nº 3.298/99; do art. 2º do Decreto nº 6.481/08; e das Normas Regulamentadoras vigentes.

Havendo indícios de irregularidades no meio ambiente do trabalho, o auditor fiscal do trabalho deverá informar à chefia ime-diata, que solicitará ao setor competente a realização de ação fiscal, sem prejuízo do disposto no parágrafo seguinte.

Constatada a inadequação dos ambientes de aprendizagem às condições de proteção ao trabalho do adolescente e às condições de acessibilidade ao aprendiz com deficiência, ou divergências apuradas entre as condições reais das instalações da entidade formadora e aquelas informadas no Cadastro Nacional da Aprendizagem, o auditor fiscal do trabalho promoverá ações destinadas a regularizar a situação, sem prejuízo da lavratura de autos de infrações cabíveis, adotando, caso não sejam sanadas, as providências indicadas no item 17.

15. Extinção e Rescisão do Contrato de Aprendizagem

O contrato de aprendizagem extinguir-se-á no seu termo final ou quando o aprendiz completar 24 anos, observado que a idade máxima prevista no item 1 não se aplica aos aprendizes com deficiência.

16. Rescisão Antecipada do Contrato de Aprendizagem

São hipóteses de rescisão antecipada do contrato de aprendizagem:

a) desempenho insuficiente ou inadaptação do aprendiz, comprovado por meio de laudo de avaliação elaborado pela entidade executora da aprendizagem, a quem cabe a sua supervisão e avaliação, após consulta ao estabelecimento onde se realiza a aprendizagem;

b) falta disciplinar grave, nos termos do art. 482 da CLT;

c) ausência injustificada à escola que implique perda do ano letivo, comprovada por meio de declaração do estabelecimento de ensino;

d) a pedido do aprendiz;

e) fechamento da empresa em virtude de falência, encerramento das atividades da empresa e morte do empregador constituído em empresa individual, hipótese em que o aprendiz fará juz, além das verbas rescisórias, à indenização prevista no art. 479 da CLT.

Vale ressaltar que não se aplica o disposto nos arts. 479 e 480 da CLT às hipóteses de extinção do contrato previstas nas alíneas mencionadas anteriormente.

A diminuição do quadro de pessoal da empresa, ainda que em razão de dificuldades financeiras ou de conjuntura econômica desfavorável, não autoriza a rescisão antecipada dos contratos de aprendizagem em curso, que deverão ser cumpridos até o seu termo final.

17. Disposições Finais

Esgotada a atuação da inspeção do trabalho, sem a correção das irregularidades relativas à aprendizagem, o auditor fiscal do trabalho, sem prejuízo da lavratura de autos de infração cabíveis, encaminhará relatório circunstanciado à chefia imediata, que promoverá as devidas comunicações ao Ministério Público do Trabalho, ao Ministério Público Estadual e, quando for o caso de entidades que ministrem cursos a aprendizes menores de 18 anos, ao Conselho Tutelar e ao CMDCA.

17.1. Infração penal

Caso sejam apurados indícios de infração penal, o auditor fiscal do trabalho deverá relatar o fato à chefia imediata, que o comunicará ao Ministério Público Federal ou Estadual.

18. Vigência e Revogação

A Instrução Normativa MTE/SIT nº 75/09 entra em vigor na data de sua publicação, ocorrida em 11/05/2009, e revoga a Instrução Normativa MTE/SIT nº 26/01, que dispunha sobre o mesmo assunto.

Base legal: citada no texto.