Conteúdo Trabalhista

 

 

1. Introdução

A Portaria MPS nº 170/07, do Ministro de Estado da Previdência Social, em vigor desde 27/4/07, data de sua publicação no DOU, estabelece que a comprovação do exercício da atividade do empregado rural, desenvolvida a partir de 1º/7/94, para os efeitos dos benefícios previstos no Regime Geral de Previdência Social (RGPS), será feita com base nos dados constantes do Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS).

Saliente-se que, observados os critérios definidos pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), o trabalhador rural empregado poderá apresentar documentos comprobatórios de dados divergentes daqueles constantes do CNIS, no que se refere a inclusão, exclusão ou retificação de informações a seu respeito.

2. Período Anterior a 1º/7/94 - Documentação Exigida

A comprovação do exercício da atividade do empregado rural, desenvolvida em período anterior a 1º/7/94, será feita mediante a apresentação de um dos seguintes documentos:

a) Carteira Profissional (CP) ou Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS), em que conste o registro do contrato de trabalho;

b) contrato individual de trabalho;

c) acordo coletivo de trabalho, inclusive por safra, desde que caracterize o trabalhador como signatário e comprove seu registro na respectiva Delegacia Regional do Trabalho (DRT);

e) declaração do empregador, observado, no que couber, o disposto no subtópico 2.1, desde que homologada pelo INSS;

f) recibos contemporâneos de pagamento de remunerações por serviços rurais prestados, que identifiquem tanto o contratante como o contratado.

2.1. Declaração do empregador - Conteúdo

A declaração a que se refere a letra "e" do tópico 2 deverá conter:

a) qualificação do declarante, inclusive os respectivos números do Cadastro de Pessoa Física (CPF) e do Cadastro Específico do INSS (CEI), ou, quando for o caso, do Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ);

b) identificação e endereço completo do imóvel rural onde os serviços foram prestados, bem como a que título detinha a sua posse;

c) identificação do trabalhador e indicação das parcelas salariais pagas, bem como das datas de início e término da prestação de serviços; e

d) informação sobre a existência de registro em livros, folhas de salários ou qualquer outro documento que comprove o vínculo.

3. Segurado Especial e seu Respectivo Grupo Familiar - Documentação Exigida

A comprovação do exercício de atividade rural do segurado especial, bem como de seu respectivo grupo familiar - cônjuge, companheiro ou companheira, e filhos, inclusive os a estes equiparados, observada a idade mínima constitucionalmente estabelecida para o trabalho -, desde que devidamente comprovado o vínculo familiar, será feita mediante a apresentação de um dos seguintes documentos:

a) contrato de arrendamento, parceria ou comodato rural;

b) comprovante de cadastro do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA);

c) bloco de notas de produtor rural e/ou nota fiscal de venda realizada por produtor rural;

d) declaração fundamentada de sindicato que represente os trabalhadores rurais, de sindicato de pescadores, devidamente registrados no Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), ou de colônia de pescadores registrada na Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca ou no Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (IBAMA), homologada pelo INSS na forma do tópico 7;

e) comprovante de pagamento do Imposto Territorial Rural (ITR) ou de entrega de declaração de isento;

f) Certificado de Cadastro de Imóvel Rural (CCIR) ou autorização de ocupação temporária fornecidos pelo INCRA;

g) caderneta de inscrição pessoal visada pela Capitania dos Portos do Ministério da Defesa, pela Superintendência do Desenvolvimento da Pesca (SUDEPE) ou pelo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS);

h) certidão fornecida pela Fundação Nacional do Índio (FUNAI), certificando a condição do índio como trabalhador rural, homologada pelo INSS na forma do tópico 7; ou

i) outros documentos de início de prova material, desde que neles conste a profissão ou qualquer outro dado que evidencie o exercício da atividade rurícola e seja contemporâneo ao fato nele declarado, não se exigindo que se refira ao período a ser comprovado, podendo ser contemporâneos ou anteriores ao período e extraídos de registros efetivamente existentes, idôneos e acessíveis à Previdência Social.

Vale ressaltar que para ser considerada fundamentada, a declaração de que trata a letra "d" deverá consignar os documentos e informações que serviram de base para a sua emissão, bem como, se for o caso, a origem dos dados extraídos de registros existentes na própria entidade declarante ou em outro órgão, entidade ou empresa, desde que idôneos e acessíveis à Previdência Social.

No tocante aos documentos mencionados nas letras "a", "b", "c", "e", "f", "g" e "h", servirão para comprovação da atividade rural do grupo familiar, sendo, neste caso, indispensável a realização de entrevista.

Para fins de requerimento de benefícios com período de carência de até 1 ano, o documento a ser apresentado pelo segurado especial deverá comprovar que a atividade rural vem sendo exercida nos 12 últimos meses e, para os que não exigem carência, que o exercício da atividade rural antecede a ocorrência do evento que a ele dá direito.

Convém salientar que será aceito como comprovante de tempo de atividade rural do segurado especial o certificado do INCRA, no qual o proprietário esteja enquadrado como empregador "2-B" ou "2-C", sem assalariado, desde que o processo de requerimento de benefício seja instruído com a declaração de que trata a letra "d" ou com outro documento que confirme o trabalho em regime de economia familiar, sem utilização de empregados.

4. Aposentadoria por Idade - Segurado Especial - Comprovação de Carência

Para o requerimento de aposentadoria por idade, o segurado especial deverá comprovar o cumprimento da carência determinada pelo art. 51 ou pelo art. 182 do Regulamento da Previdência Social (RPS), aprovado pelo Decreto nº 3.048/99, conforme o caso, na forma prescrita no art. 3º e/ou art. 5º da Portaria MPS nº 170/07, cumulado com a comprovação de que exerceu efetivamente a respectiva atividade no período imediatamente anterior ao requerimento.

5. Segurado que não Tem os Documentos Referidos nos Tópicos 2 e 3 - Procedimento

Caso o segurado não possua nenhum dos documentos referidos nos tópicos 2 e 3, letras "a" a "h", mas possa apresentar elementos que constituam início de prova material, será processada justificação administrativa, observado o disposto nos arts. 142 a 151 do RPS.

6. Documentos Originais ou Fotocópias Autenticadas - Apresentação

Será suficiente a apresentação dos documentos originais ou de fotocópias, autenticadas em cartório ou por servidor do INSS, vedada, neste caso, a retenção dos originais.

7. Declaração do Sindicato dos Trabalhadores Rurais e Certidão Fornecida pela FUNAI

A declaração fornecida por entidade mencionada nas letras "d" e "h" do tópico 3 ou pelas autoridades citadas no tópico 9 não constitui prova plena do exercício de atividade rural e será submetida à homologação do INSS, acompanhada de documentos contemporâneos ou anteriores ao fato alegado, nos quais evidencie o exercício da atividade rural, devendo o processo ser instruído com entrevista.

Havendo dúvidas quanto ao fato a comprovar, o INSS pode, a seu critério, realizar pesquisa para apurar a veracidade da declaração.

O INSS estabelecerá os critérios necessários à realização de entrevistas e pesquisas e adotará as providências necessá-rias à operacionalização destes procedimentos em todo o território nacional.

A entrevista não supre a necessidade de início de prova material.

8. Declaração de Sindicato dos Trabalhadores Rurais - Formalidades - Conteúdo

A declaração expedida por entidade mencionada na letra "d" do tópico 3 deverá ser fornecida em duas vias, em papel timbrado da entidade, com numeração seqüencial controlada e ininterrupta, e conter as seguintes informações, referentes a cada local e períodos de atividade:

a) identificação e qualificação pessoal do requerente: nome, data de nascimento, filiação, Carteira de Identidade, CIC/CPF, título de eleitor, CP, CTPS e registro sindical, este quando existente;

b) categoria de produtor rural (se proprietário, posseiro, parceiro, meeiro, arrendatário, comodatário etc.) ou de pescador artesanal, bem como o regime de trabalho (se individual ou de economia familiar);

c) tempo de exercício de atividade rural;

d) endereço de residência e local de trabalho;

e) principais produtos agropecuários produzidos e/ou comercializados pela unidade familiar ou principais produtos da pesca, no caso dos pescadores artesanais;

f) atividades agropecuárias ou pesqueiras desempenhadas pelo requerente;

g) fontes documentais nas quais a entidade declarante baseou-se para emiti-la, devendo suas fotocópias ser anexadas;

h) dados de identificação da entidade que emitiu a declaração com nome, CNPJ, registro no órgão federal competente, nome do presidente ou diretor emitente da declaração, com indicação do período de mandato, cartório e número de registro da respectiva ata em que foi eleito, assinatura e carimbo;

i) assinatura do requerente afirmando ter ciência e estar de acordo com os fatos declarados; e

j) data da emissão da declaração.

Convém ressaltar que a declaração fornecida não pode conter informação referente a período anterior ao início das atividades da entidade declarante, salvo se baseada em documento que constitua prova material do exercício da atividade.

Sempre que a categoria de produtor declarada for de parceiro, meeiro, arrendatário, comodatário ou outra modalidade de outorgado, deverá ser indicado o nome do outorgante, seu número do CPF ou da matrícula CEI ou do CNPJ e o respectivo endereço.

Qualquer declaração falsa ou diversa da que deveria ser escrita sujeitará o declarante à pena prevista no art. 299 do Código Penal.

A 2ª via da declaração deverá ser mantida na própria entidade, com numeração seqüencial em ordem crescente, à disposição do INSS e demais órgãos de fiscalização e controle.

Na hipótese de a ata de eleição da diretoria da entidade ainda não ter sido levada a registro no Cartório, cópia dela deverá acompanhar a declaração.

9. Declarações Firmadas por Autoridades Administrativas ou Judiciárias Locais - Apresentação - Possibilidade

Onde não houver as entidades mencionadas na letra "d" do tópico 3, a declaração poderá ser suprida pela apresentação de duas declarações firmadas por autoridades administrativas ou judiciárias locais, desde que conheçam o segurado especial há mais de 5 anos e estejam, comprovadamente, no efetivo exercício de suas funções no município ou na jurisdição vinculante do lugar onde o segurado exerceu suas atividades, também há mais de 5 anos.

As autoridades mencionadas no parágrafo anterior são os juízes federais e estaduais ou do Distrito Federal, os juízes de paz, os promotores de justiça, os delegados de polícia, os comandantes de unidades militares do Exército, Marinha, Aeronáutica e forças auxiliares, os titulares de representação local do Ministério do Trabalho e Emprego e de empresa de assistência técnica e/ou de extensão rural pública ou de economia mista federal ou estadual e, ainda, os diretores de estabelecimentos públicos de ensino fundamental e médio.

Convém destacar que as autoridades citadas somente poderão fornecer declaração relativa a período anterior à data do início das suas funções na localidade se puderem fundamentá-la com documentos contemporâneos do fato declarado, que evidenciem plena convicção de sua veracidade.

No tocante à declaração mencionada e a certidão a que se refere a letra "h" do tópico 3, deverá obedecer, no que couber, o disposto no tópico 8.

10. Emissão de Parecer sobre a Declaração

Sempre que a comprovação da qualificação do segurado e o efetivo exercício da atividade rural forem feitos mediante declaração de entidade mencionada nas letras "d" e "h" do tópico 3, ou de autoridade referida no tópico 9, o INSS deverá emitir parecer sobre a declaração, homologando-a ou não.

A homologação da declaração pode ser total ou parcial.

11. Insuficiência de Informações Constantes da Declaração - Procedimentos

Na hipótese de as informações constantes da declaração serem insuficientes, o INSS devolverá a declaração ao segurado, acompanhada da relação dos elementos ou das informações a serem complementadas, ficando o processo aguardando o cumprimento da exigência.

Neste caso o segurado terá prazo de 30 dias para complementar as informações.

O requerimento do benefício será indeferido se o segurado não se manifestar no prazo referido prazo de 30 dias, o que não impede a apresentação de um novo pedido de benefício quando puder cumprir as exigências relacionadas.

O INSS poderá, a seu critério, realizar entrevista ou pesquisa, mesmo que não tenham sido apresentados novos documentos ou informações.

Poderá ser enviada cópia da relação dos elementos ou das informações a serem complementadas à entidade que emitiu a declaração.

12. INSS - Possibilidades de Análise - Esgotamento - Procedimentos Previstos na Portaria MPS nº 170/07 - Adoção antes do Indeferimento do Pedido do Benefício

O INSS deverá esgotar todas as possibilidades de análise e adotar todos os procedimentos previstos na Portaria MPS nº 170/07 antes de indeferir o pedido do benefício unicamente por falta de convicção quanto ao conteúdo da declaração.

13. Trabalhadores Rurais - Apresentação de Documentos - Obrigatoriedade

Os trabalhadores rurais denominados safristas, volantes, eventuais, temporários ou "bóias-frias", caracterizados como empregados, deverão apresentar os documentos referidos nos tópicos 1 e 2, quando estes benefícios forem requeridos, exceto aposentadoria por idade, observado o disposto no art. 19 do RPS.

14. Trabalhadores Rurais Caracterizados como Contribuintes Individuais - Apresentação de NIT ou PIS/PASEP e Comprovantes de Contribuição - Obrigatoriedade - Hipótese

Os trabalhadores rurais denominados safristas, volantes, eventuais, temporários ou "bóias-frias", caracterizados como contri-buintes individuais, deverão apresentar o Número de Identificação do Trabalhador (NIT) ou o número do PIS/PASEP e os comprovantes de contribuição, a partir de novembro de 1991, inclusive, quando forem requeridos tais benefícios, exceto aposentadoria por idade, observado o disposto no art. 17 da Portaria MPS nº 170/07.

15. Trabalhador que Exerceu Atividade de Extração Mineral

O trabalhador que exerceu atividade de extração mineral (garimpeiro) em caráter permanente ou temporário, diretamente ou por intermédio de prepostos, com ou sem auxílio de empregados, utilizados a qualquer título, ainda que de maneira não contínua, foi considerado segurado especial no período de 25/1/91 a 6/1/92 (Lei nº 8.213/91), passando a ser considerado contribuinte individual (ex-equiparado a autônomo) a partir de 7/1/92 (Leis nºs 8.398/92 e 9.876/99).

16. Safristas, Volantes, Eventuais, Temporários ou "Bóias-Frias" - Comprovação do Exercício de Atividade Rural mediante Declaração de Sindicato de Trabalhadores Rurais ou de Autoridades Administrativas ou Judiciais Locais - Possibilidade

A comprovação do exercício de atividade rural dos segurados referidos no tópico 13, para fins de concessão da aposentadoria por idade, até 25/7/08, poderá ser feita por meio de declaração de sindicato de trabalhadores rurais, na forma do tópico 8, no que couber, ou de duas declarações de autoridades, na forma do tópico 9, homologada pelo INSS.

17. Trabalhadores Rurais Caracterizados como Contribuintes Individuais - Comprovação do Exercício de Atividade Rural até 25/7/06 e a partir desta Data - Procedimento

Na hipótese do tópico 14, a comprovação do exercício de atividade rural, até 25/7/06, poderá ser feita na forma do tópico 16 e, a partir desta data, mediante comprovação da regularidade das respectivas contribuições, acompanhado de prova do exercício da atividade, por meio de recibos de pagamento de remuneração que identifique o contratante, o contratado e a natureza do serviço prestado ou de outros elementos.

18. Concessão de Benefício com Base em Dados não Constantes do CNIS - Procedimento a Ser Adotado pelo INSS

Concedido benefício a segurados empregado ou trabalhador avulso rurais com base em dados não constantes do CNIS, em especial, os de que tratam as letras "b", "d" e "e" do tópico 2, sem que sejam comprovados os recolhimentos das contribuições devidas, o INSS encaminhará à unidade local da Secretaria da Receita Federal do Brasil as informações necessárias para as providências a seu cargo, inclusive, quando for o caso, a constituição do crédito respectivo.

19. Filhos Casados que Permanecerem no Exercício da Atividade Junto com seus Pais - Contrato de Parceria, Meação, Comodato ou Assemelhado - Elaboração

A comprovação do exercício de atividade rural, para os filhos casados que permanecerem no exercício desta atividade juntamente com seus pais, deverá ser feita por contrato de parceria, meação, comodato ou assemelhado, para regularização da situação daqueles e dos demais membros do novo grupo familiar, assegurando-se a condição de segurados especiais deste novo grupo.

20. Segurado em Exercício de Atividade Urbana

A comprovação do tempo de serviço em atividade rural, para fins de concessão de benefício a segurado em exercício de atividade urbana, será feita mediante a apresentação de início de prova material contemporânea do fato alegado, conforme o § 6º do art. 62 do RPS.

20.1. Início de prova material - Validade

O início de prova material de que trata o tópico 20 terá validade somente para comprovação do tempo de serviço da pessoa referida no documento, não sendo permitida sua utilização por outras pessoas.

20.2. Recolhimento contemporâneo de contribuições devidas - Comprovação para fins de emissão de certidão e de reconhecimento de tempo de atividade rural

Para fins de emissão de certidão de tempo de contribuição, o tempo de atividade rural somente será reconhecido se comprovado o recolhimento contemporâneo das contribuições devidas ou, na falta deste, mediante prévia indenização na forma dos arts. 122 e 123 do RPS.

21. Inexistência de Sindicato no Município - Declaração Fundamentada de Entidade Equivalente - Aceitação pelo INSS - Possibilidade

Excepcionalmente, na hipótese em que não existir no Município sindicato que represente os trabalhadores rurais devidamente registrado no Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), o INSS poderá aceitar, até 25/7/08, declaração fundamentada feita por entidade equivalente que estiver com registro sindical pendente naquele Ministério, em substituição à prevista na letra "d" do tópico 3.

22. Revogação

Foi revogada a Portaria MPAS nº 4.273, de 12/12/97, que tratava do mesmo assunto.